terça-feira, 26 de dezembro de 2023

 Este foi o conto de Natal com que venci o concurso de contos de Natal da BLCS 2022


Conto de Natal nas entrelinhas


A minha avó só gostava de finais felizes. Foi assim até ao momento da sua morte. Não sei como conseguiu, mas morreu exatamente no dia 24 de dezembro, véspera de Natal. Era o seu dia preferido, como se passasse todo o ano à espera desse momento. Nessa altura pegava na minha mão e levava-me até ao cimo do outeiro, debaixo da grande carvalha e contava-me quando viu pela primeira vez o meu avô, ali sentado naquela pedra a ler. A vida da minha avó mudou a partir desse momento. Uma vida dedicada à escrita e sempre em busca de finais felizes. A minha avó foi uma grande escritora, uma das maiores do seu tempo e em muito o deveu ao meu avô.

A minha avó vinha de uma família muito pobre, das mais pobres do vilarejo. Tinha sido criada pela sua avó. A sua mãe morrera quando era ainda muito pequena e o seu pai fora para fora para o estrangeiro em busca de trabalho e nunca mais se soube dele. Não cheguei a conhecer a minha bisavó, mas pelo que ouvi dizer, era uma mulher enérgica e sempre bem-disposta. A minha avó tinha-lhe herdado o feitio. À noite, e as noites eram escuras e longas nessa altura, a minha bisavó contava histórias à sua neta ao calor da lareira, até ela adormecer. Eram histórias de uma ambiência fantástica. De bruxas a dançar à meia-noite em clareiras da floresta, de meninas encantadas que saiam para correr o fado transformadas em animais e histórias dramáticas, como as três laranjinhas de oiro, que chegaram até mim e que ainda hoje fazem parte do imaginário coletivo da nossa família. Graças aos esforços da minha bisavó, a minha avó pode estudar até à quarta-classe. A minha avó sempre me contava que a sua professora tinha insistido para que prosseguisse estudos, que era uma menina cheia de talentos, mas ela não podia, a minha bisavó estava a ficar demasiado velha e cansada para andar com o rebanho no monte e precisava dela para assegurar o seu sustento. Essa professora, sem o saber, tinha-lhe mudado a vida. Como prenda de despedida tinha-lhe oferecido um livro. Tratava-se de A Rosa do Adro, um dos romances mais vendidos na época e que era agora o seu primeiro e único livro.

Com as ovelhas no monte a pastar tinha todo o tempo do mundo para ler. Leu esse romance vezes sem conta e invariavelmente chorava no final, pois achava muito triste toda a trama. Foi desde essa altura que a minha avó decidiu que só gostava de finais felizes. Para dura já bastava a vida e ela jurou logo ali que iria ser sempre uma pessoa alegre e bem-disposta fosse o que fosse que a vida lhe trouxesse. Refugiou-se na escrita e criou o seu próprio mundo. Na altura em que sentiu essa vontade incontrolável de criar através da escrita deparou-se com o problema de não ter onde escrever. Desejou do fundo do coração ter um caderno como prenda de Natal. Mas, o seu anseio de escrever era tanto, que olhando para o seu único livro que sempre a acompanhava, pensou que se lá dentro cabia uma história, bem podiam caber duas e foi assim que entre linhas começou a criar o seu primeiro romance. Por altura em que escrevo estas palavras, acaricio o livro já bem amarelecido onde ainda se pode ver a caligrafia da minha avó e quando passo os dedos pelo seu manuscrito entre linhas sinto-a mais perto de mim.

Um dia, como tantos outros em que a minha avó subia a ladeira com o rebanho, viu, sentado no penedo ao lado do grande carvalho, um rapaz que aparentava ser mais velho do que ela. O rapaz estava concentrado a ler. Tímida, mas cheia de curiosidade, aproximou-se. Nunca tinha visto aquele rapaz na aldeia.

Começaram a falar e ela soube que ele estava de visita à sua tia para passar as férias de Natal. Pertencia às do Eido, uma família abastada que vivia numa casa senhorial. Era um rapaz da cidade e estava a ler um livro bastante volumoso. O rapaz falou-lhe do livro que estava a ler. Tratava-se de Os Maias, de Eça de Queirós e estava quase a terminá-lo. A minha avó mostrou-lhe o seu único livro, agora com outra história que tinha crescido dentro.

O rapaz deve ter ficado tão fascinado com a menina pastora que voltou no dia seguinte ao mesmo lugar e no outro dia e sempre todos os dias até ao fim das férias de Natal. No dia da véspera de Natal, e parece que ainda oiço a voz da minha avó a contar, lá estava ele debaixo da grande árvore e segurava um embrulho. Era uma prenda para ela. Ali estava um caderno para que pudesse continuar a inventar as suas histórias. O seu sonho de Natal tinha-se realizado. Também lhe deixou Os Maias, que tinha acabado de ler e prometeu voltar nas férias de verão e trazer-lhe mais livros e cadernos. A minha avó sentiu-se tão profundamente agradecida que lhe deu o único livro que possuía. O rapaz, que viria a ser o meu avô, recusou, pois sabia que não era apenas um livro, era o manuscrito da sua história, ao que a minha avó respondeu e foram essas exatamente as suas palavras, essa história vive dentro de mim, posso voltar a ela sempre que quiser.

Os meses passaram e não havia um só dia em que a minha avó não pensasse no seu amigo. Leu o romance que ele lhe tinha dado. Mais um final dramático que lhe dera ainda mais uma razão para continuar a reescrever o mundo com finais felizes.

Mas nas férias de verão o rapaz não apareceu. O sorriso da minha avó esmoreceu. Continuava entretida a criar as suas histórias. Já tinha usado todo o caderno e agora estava a escrever um romance usando para isso o livro dos Maias, onde tinha muitas páginas de entrelinhas para preencher. Assaltava-a agora a dúvida se todas as histórias teriam um final feliz. E o outono chegou e o grande carvalho começou a ficar despido e a folhagem a cobrir o chão como um tapete. E o coração da minha avó ia ficando cada vez mais apertado, afinal tinha prometido sorrir perante todas as adversidades, o que nem sempre se apresentava fácil.

Até que no dia da véspera de Natal, ao subir o monte com o rebanho, como sempre fazia, o seu coração bateu apressado. Tantas vezes imaginou voltar a ver o rapaz ali sentado no alto a ler que até duvidava do que os seus próprios olhos viam. Mas era verdade, lá estava ele sim, sereno a ler o seu livro. A minha avó apressou-se a juntar-se-lhe e como se o tempo nunca tivesse passado, perguntou-lhe o que estava a ler. Antes de ele lhe mostrar o livro quis desculpar-se por não ter aparecido no verão. Os seus pais tinham decidido passar férias fora do país e ele tinha ficado impedido de cumprir a sua promessa. Mas o importante era que agora estava ali e nesse momento estendeu-lhe o livro que tinha na mão. Na capa a minha avó pode ver o seu próprio nome impresso e quando o começou a folhear viu que era o romance que ela tinha escrito entre as linhas do livro A Rosa do Adro. E logo ali se abraçaram nesse e em todos os anos que se seguiram até terem idade para firmarem a mais linda história de amor de que eu sou testemunha. Uma história de amor sempre com um final feliz.



Amélia Silva


sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

 A última publicação é de 2013! Talvez seja tempo de o reativar!

Venci o concurso de contos de Natal da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva mais uma vez, desta vez a edição de 2023! Estou muito contente! Deixo-vos aqui esta prenda! Abraços grandes!


Tréguas de Natal

O meu filho mais velho chegou muito animado da escola. A época de Natal aproximava-se e a professora de História tinha contado uma história que o impressionara muito. Chamava-se trégua de Natal e dizia que durante a primeira guerra mundial, no dia da véspera de Natal, os soldados na frente das trincheiras tinham parado a guerra e tinham cantado canções de Natal juntos, trocado comidas e bebidas e até tinham feito um jogo de futebol. O meu filho mais novo olhava o irmão cheio de interesse. A cada palavra, os seus olhos se abriam mais e mais e a sua boca esboçava um ténue sorriso de agrado. Depois de ouvir tudo com muito interesse, disse que não se espantava muito, que para ele na época de Natal tudo era possível. Só não sabia se isso poderia acontecer nos países em guerra que não tinham o costume de celebrar o Natal. E olhou para mim como que à espera de uma resposta. Eu abracei-o ternamente, pois via-o muito comovido. Menti-lhe e menti a mim própria com o meu, claro que sim, na época de Natal, tal como dizes, tudo é possível. Mas não era uma verdadeira mentira, eu também sentia que nesta altura havia mais tolerância, mais bondade e amor ao próximo e que se poderiam operar verdadeiros milagres. Era este ambiente mágico que eu guardava do Natal da minha infância: uma noite muito especial de ruas vazias, luz quente e harmoniosa a brotar das casas e um delicioso aroma a banquetes e abraços.

Neste país que tão generosamente nos acolheu como refugiados de guerra, embora me sentisse deslocada, embora me faltasse um pedaço de mim que não sabia se vivo ou morto, ainda assim sentia o milagre de Natal acontecer. Inspirada por este momento tão cheio de amor, enquanto via a esperança espelhada no rosto dos meus filhos, deixei escapar um, eu conheço uma história parecida com esta, também chamada de trégua de Natal. É a história de um soldado chamado Yan que acabou com a guerra. Os meus filhos fitaram-me como quem diz, Yan é o nome do nosso pai e já vais inventar mais uma das tuas histórias para nos consolares. Continuei dizendo que se quisessem a podia contar à noite na hora de deitar. E a verdade é que a contei nessa noite e durante todas as noites que se seguiram até ao dia de Natal. E de cada vez que a contava o enredo crescia. Ia acrescentando um pormenor aqui, outro ali, até que a história ia crescendo e ganhando vida própria. Já me tinha acontecido da idade dos meus filhos inventar uma mentirinha para me desculpar junto dos meus pais e quanto mais a contava, mais detalhes acrescentava, até passar mesmo a acreditar no que estava a dizer. A história inventada passava a confundir-se com a realidade. Desta vez foi isso que aconteceu. Já não sei se é inventada ou se é real. Só o futuro o dirá.

É a história de um soldado raso de nome Yan que ficou conhecido como um verdadeiro herói em tempos de guerra, melhor dizendo, como um herói da humanidade. Yan tinha casado jovem e já tinha tido dois filhos quando foi chamado para ir combater pelo seu país. Yan ficou muito abalado. Ele era do tipo jovial, bem disposto, a assobiar despreocupadamente enquanto trabalhava a terra. Esta era a sua grande paixão, cultivar a terra. Infelizmente ele e todos os outros homens jovens da aldeia um dia foram levados. Nunca tinham sido instruídos para guerrear e de repente viram-se na linha da frente de guerra a viver em trincheiras lamacentas. De um dia para o outro a sua vida mudara. A vida de toda a família mudara. No dia da partida, Yan despediu-se emocionado da sua mulher e filhos. Yan sabia que o conflito aberto ainda agora começara e que se iria prolongar por muito, muito tempo. Só desejava poder voltar um dia a ver a sua família e de não ter de matar ninguém. Yan não tinha sido feito para ser guerreiro. No entanto, sem o saber, viria a ser o maior guerreiro da paz de todos os tempos.

Nesse doloroso dia da despedida, Yan seguiu com os outros homens jovens da aldeia numa carrinha militar. Ao passar pelas cidades pode avaliar o grau de desolação das populações que tentavam sobreviver no meio dos escombros e da poeira, sem eletricidade e sem água potável. Nem nesse momento o coração de Yan se revoltou contra o inimigo. Ele sabia que quem estava do outro lado eram homens que tal como ele não queriam combater. Apenas obedeciam ao desejo dos seus ambiciosos dirigentes. Yan teve ali a certeza de que as guerras eram travadas por pessoas nos seus gabinetes e que eles eram simples peões que como num jogo de xadrez eram usados estrategicamente. Naquele momento sentiu-se nauseado e apeteceu-lhe fugir. Mas iria ficar. O companheirismo que sentia junto dos outros homens que como ele não acreditavam naquela guerra fê-lo ficar. Ele sentia que era preciso fazer algo para reverter a situação, afinal eram milhões de pessoas a sentir como ele. Nalgum momento a paz teria que falar mais alto do que as balas dos canhões.

Os dias que se seguiram foram desastrosos. Escavar trincheiras no meio da lama e comer qualquer coisa só para se manter vivo. Uma vida de escuridão. A única luz era a dos bombardeamentos. Yan não sabia dizer há quanto tempo estaria a perecer naquele ambiente com dezenas de outras pessoas que, como ele, tinham o grande desejo de voltar ao que restaria das suas vidas. Yan tinha perdido a contagem dos dias tenebrosamente iguais. Ele não sabia que era véspera de Natal e que a sua mulher e os seus dois filhos viviam agora em segurança num outro país e que, especialmente nesse dia, pensavam nele com todo o ardor e faziam-lhe chegar todo o seu amor. Apesar da dor que sentia por estar longe de todos os que amava, o seu coração parecia ter um calor diferente nesse dia.

A chuva que quase sempre os acompanhara desde o início do conflito parara, como se todas as lágrimas tivessem secado. A temperatura descera e a terra por baixo dos seus pés gelara. Yan imaginava como seria bom fazer uma fogueira. Ideia impossível de realizar por ser completamente proibido para não ajudar a mostrar as suas posições. Yan pensava que também os homens do outro lado da trincheira deveriam ter os pés gelados.

Nessa altura veio-lhe à cabeça a história da trégua de Natal que aconteceu durante a primeira guerra mundial. Essa história aquecia-lhe o coração. Yan sentia que a sua situação e a dos seus colegas tinha chegado a um limite. Viviam em condições tão desumanas que já não havia nada a perder. Este foi o sinal para a mudança. Yan agiu em plena consciência. Abriu o seu coração e deixou de ter medo. Saiu da trincheira e começou a procurar gravetos.

Os seus companheiros olharam-no como que a interrogar, o que estás tu a fazer, não sabes que não são permitidas fogueiras. Yan com o rosto sereno e cheio de beatitude continuou até conseguir uma grande braçada de paus. Depois amarrou um pano branco no seu capacete para pedir tréguas. Yan queria mostrar que havia outra saída, Yan queria a paz. Saltou para fora da trincheira e foi para a chamada terra de ninguém. Certamente que os homens do lado chamado inimigo já o observavam e também eles se interrogavam o que faria. Calmamente, colocou os paus no chão e sem pressas, foi colocando os galhos um por um como se estivesse a construir uma obra de arte. Depois pegou num isqueiro e acendeu uma fogueira. A chama iluminou o seu rosto vermelho do frio e fez a bandeira branca brilhar. Yan começou a ouvir vozes dos seus companheiros que nervosamente o chamavam. Do lado da trincheira onde estavam os supostos inimigos, o silêncio era aterrador. Yan não sabia como tudo iria acabar. Ele apenas sabia que iria até ao fim. A fogueira foi crescendo e aqueles breves minutos pareceram horas. Enquanto os seus companheiros continuavam a gritar desesperadamente para que voltasse, Yan fazia as suas idas e vindas para junto da fogueira onde ia colocando mais e mais lenha que por ali encontrava. Quando a fogueira já era tão grande que era impossível não ter chamado a atenção de todos, começou por entoar um cântico de Natal da sua meninice. Tinha aprendido com a sua avó e isso dava-lhe conforto e segurança. Alguns dos seus companheiros ainda escondidos pela fortificação, começaram a acompanhar o cântico e nesse momento Yan sentiu que havia esperança. A fogueira crescia à medida que mais e mais vozes se levantavam. Do intitulado lado inimigo também vozes se levantaram. Yan ficou emocionado. Parecia o mesmo cântico, mas numa outra língua. A língua era diferente, mas todos os corações queriam o mesmo. Todos sentiam que era o momento de parar e fazer as pazes. Yan pegou na sua arma que até aí tinha estado a tiracolo e colocou-a na fogueira. Nem foi preciso desarmá-la, pois desde o primeiro dia que Yan não usava munições. A fogueira pareceu contente com este novo alimento e elevou-se mais e mais. Yan comovido fitou o fogo como que hipnotizado. Aos poucos foi vendo sombras a aproximarem-se. Eram os seus companheiros que iam chegando um por um. Descarregavam as armas e atiravam-as para a fogueira numa cerimónia cheia de significado. Yan foi abraçado pelos seus colegas e juntos de mãos dadas fizeram um grande círculo em volta da fogueira. O círculo ia crescendo e o cântico de Natal ganhava mais vigor.

A tensão aumentou à medida que homens do lado inimigo também se começaram a aproximar lentamente. Tinham fardas diferentes e falavam outra língua, mas unidos num só gesto foram lançando as suas armas na fogueira. O milagre acontecia. Homens que como eles não queriam a guerra também se revoltavam. Também eles tinham sido obrigados a deixar tudo o que amavam para combater e agora pareciam dizer, vamos para casa, é Natal! Que venham lutar os nossos dirigentes. Para nós já basta! Nesse momento Yan chorou como nunca tinha chorado. Uma convulsão de choro, um misto de alegria e de esperança na humanidade. O círculo em redor da fogueira ia aumentando e o coro de vozes esperançadas fazia-se ouvir cada vez mais alto.

Os que ainda se escondiam e resistiam a juntar-se a esta revolta viram-se surpreendidos. Aos poucos, esta fogueira engolidora de armas ia-se expandindo como um polvo que, com os seus muitos braços de fogo lhes arrancava as armas. Algumas armas ainda com munições estoiravam como fogo de artifício. Isso chamou a atenção de outros militares que se deslocaram ao terreno para verificar do que se tratava. Vieram por terra, vieram por ar, mas esta fogueira produzia um encantamento que a todos desarmava. Os líderes políticos ao saberem das notícias de tamanha rebelião ficaram em cólera. Desesperados, davam ordens para prender os que se tinham rebelado. Mas ninguém lhes obedecia. Era Natal e não era dia para guerrear. Era Natal, era dia de dar as mãos a todos os irmãos. E como os líderes dos dois países não quiseram ficar a lutar sozinhos, declarou-se o fim da guerra.

Agora era tempo de recomeço, de reconstruir as vidas deixadas para trás, de reconstruir a humanidade inteira. E tudo graças a um homem simples e corajoso. E dizem que quando esta milagrosa fogueira se extinguiu, depois de ter engolido todo o armamento de guerra, no seu lugar ficou um magnífico monumento. Um monumental coração. Um coração tão monumental capaz de ser avistado do espaço.



Amélia Silva


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Isto de ter filhos!

A Matilde já faz cada uma! Não sabíamos do telemóvel, procurámo-lo por todo o lado e nada de aparecer. Decidimos ligar do fixo para tentarmos chegar a ele pelo som. Ouvia-se o telemóvel tocar muito muito baixinho, parecia bem longe. O som vinha da cozinha ou da sala, não sabíamos bem. Parou de tocar, ai, que está a ficar sem bateria! Insistimos e o toque parecia vir da cozinha, mas onde? Depois de muito procurar olhamos na máquina de lavar, cheia de roupa para lavar e lá pelo meio, bem escondidinho, estava ele! Por sorte não ligamos a máquina antes!
Agora só quer imitar a mamã a cuidar do mano. Põe fraldas às bonecas, limpa-lhes o rabinho. Outro dia, ao querer imitar a mamã a trocar a fralda ao mano, decidiu também trocar a fralda à boneca. Foi com a fralda "suja" para a cozinha. Procurei a fralda por toda a parte para a usar depois nela, mas não a encontrei em lado nenhum. Onde é que poderia estar? No caixote do lixo, é claro!

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O nosso filho chegou há pouco mais de um mês. Afinal decidimos-lhe chamar Ângelo. Martim é o nome da moda e quisemos fugir a isso. É mais um anjo que vem partilhar das nossas vidas e ajudar a tornar os nossos dias ainda mais lindos na sua companhia. Como todos, é um bebé muito especial. Nasceu sozinho, uma história linda, só nós e ele. Quando o parteiro chegou já estava deitado sobre o peito quentinho da sua mamã. Uns momentos especiais para nós, o seu nascimento no conforto do nosso lar, na companhia dos seus pais e Deus, claro, e todos os anjos e santos, porque criança que nasce assim vem bem abençoada. Para mim a maior benção: ser sua mãe.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

À espera

Querido filho, a partir de agora já é seguro nasceres. Te esperamos com muito amor para dar.
Mamã, papá e Matilde

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Como um sonho, depois da Matilde chega o Tiago Martim, já falta pouco! A vida nos abençoa a cada instante.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O tempo é todo teu

O seu rosto dorme sereno
a respiração suave
o corpo quentinho de encontro ao meu
e cada dia é assim
e já não escreves porque em vez disso
reparas que o dentinho já está mais de fora
o cabelo cresceu e vem para a frente dos olhos
uma borbulha que antes não existia
a unhas que precisam ser cortadas
e as roupas que vão deixando de servir.
E agora este é o teu mundo
e bates palminhas.
E vais e dormes pesada
com um anjo por companhia.